Jennifer, Aliénor, Gabriel... ponham os tapetes em forma de estrela. Vamos nos sentar, as pernas cruzadas em lótus. Inspiramos pelas narinas, expiramos pelas narinas... calmamente... Apenas sentimos o ar que entra e sai... As costas eretas, vamos estender as mãos bem alto para o céu, como para tocar o topo de uma montanha. Agora, relaxem tudo e bocejem. Vamos nos levantar e nos inclinar balançando os braços" : Ulrika Dezé, graduada em ciências da educação e fundadora de Yogamini, um método lúdico e pedagógico de yoga, começa sua aula com os alunos da 2ª série do ensino fudamental da escola particular conveniada de Francs-Bourgeois, em Paris.
O projeto começou há três anos. "A diretora constatava que muitas crianças estavam estressadas, com dor de barriga e de cabeça. Elas tinham dificuldade de concentração e isso repercutia na sala. Propus uma oficina de yoga durante seis meses, e os resultados foram tão positivos, os professores ficaram tão satisfeitos, que as aulas foram implementadas. Se as crianças estão melhores em seus corpos e em suas cabeças, elas estão melhores na escola", diz Ulrika Dezé com um sorriso caloroso.
O yoga para crianças
é bem diferente daquele destinado aos adultos. Assim, as aulas alternam
histórias onde se imita as posturas, o cisne, a vela ou a árvore, episódios
relaxantes baseados na respiração para acalmar as emoções,
desenhos de mandalas favorecem a concentração e jogos que melhoram a relação com o
outro. Em alguns minutos, estes alunos agitados estão relaxados, concentrados e
sorridentes. Mesmo os mais indisciplinados, como Paul :"Adoro o yoga
porque não é trabalho e isso me descontrai." Aliénor chega a
fazer exercícios em casa pela manhã. "Trabalho melhor em sala,
aprendo melhor", confessa ela. Todos os alunos da 2ª série são
unânimes em dizer que essa
prática lhes faz bem.
Caroline Allard, a
professora deles confirma. "Quando eles saem da aula de yoga
semanal, eles estão concentrados, descansados, e posso aprofundar a
aprendizagem. Paul chega agora a ficar calmo. Ao final das sessões, vi sua atitude mudar e
suas notas subirem ! A escola privilegia os resultados e o
intelecto. Raramente o ser. São eles que me perguntam : "Professora,
e se respirássemos cinco minutos, se fizéssemos a árvore ?"
Para Ulrika Dezé, é importante sensibilizar os
educadores para esta experiência e formá-los ao yoga. "Eles fazem
as aulas, e isso lhes dá um instrumento em sala de aula. Se eles estão menos
estressados e voltam à calma interior, também saberão ensinar melhor e gerenciar sua sala", observa ela. Formar os
educadores é um eixo essencial do yoga na escola, defendido por Micheline Flak,
pioneira na França com um projeto piloto no colégio Condorcet em 1973, em
Paris, e fundadora da associação Recherche sur le yoga dans l'éducation –
Pesquisa sobre Yoga na Educação (RYE) em 1978. Ela formou mais de dois mil
educadores que integraram o relaxamento em seu tempo de aula – obtendo
resultados surpreendentes entre alunos com dificuldade.
O yoga se implanta no
meio escolar e já abrange 70 000 alunos. Dominique Daumail, professor de
educação física e esportiva num colégio de Pontoise, testemunha
: "Tenho adolescentes de 15 à 18 anos e muitos deles são
indisciplinados e ansiosos. Faço-os respirar traçando
uma linha ascendente e depois descendente, insistindo sobre a
expiração para eliminar as tensões e reduzir o
estresse físico, emocional e mental. EIes se acalmam em menos de cinco minutos,
depois observam interiormente seu estado de calma, de concentração e de escuta.
Então eles estão prontos para aprender."
Tornar os alunos
autônomos, é seu objetivo. "Após cada sessão, peço que eles
avaliem o que sentiram e que pratiquem sozinhos
o exercício que mais lhes fez bem. Eles adquirem assim uma percepção global das
técnicas e podem se apropriar do exercício que lhes parece melhor para revisar uma prova ou controlar
a ansiedade no dia D. Graças a esta pedagogia, eles percebem que têm um mental
e emoções, e que é possível aprender a
controlá-los."
Laurence Scheibling
ensina em escolas e é professora de yoga, inserida no quadro do ULIS
(Unidade Localizada de Inclusão Escolar), junto a alunos portadores de uma leve
deficiência, sensorial, motora ou mental. "Com os autistas, eu
estimulo a atenção em relação ao outro por meio de exercícios de escuta e de
relaxamento. Entre os que apresentam problemas motores, trabalhamos a postura e
a sensação corporal."
Esta prática na
escola depende por agora de iniciativas locais e espontâneas de educadores de
modo geral, que foram formados nas técnicas de yoga ou de professores de yoga
que estão inseridos no meio escolar.
No ministério da
educação nacional, um responsável que acompanhou esse dossiê admite: "É
uma iniciativa benéfica, e nós estudamos a proposta de Micheline Flak de
integrar o yoga no quadro da experimentação lançada em 2010 [matérias
fundamentais pela manhã e oficinas (cultura, artes, esporte) pela tarde]. Já existe expressão corporal e relaxamento. Mas o
yoga poderia se generalizar se houvesse organismos credenciados de qualidade ou
reconhecidos que proponham um método pedagógico e uma formação como a do
RYE." Mas é preciso ser prudente : "A atividade deve ser
bem acompanhada pela coordenação. A escola continua vigilante sobre a
qualidade dos educadores e sobre o que se propõe aos alunos."
Pauline Garaude
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